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Patrick Suskind
Patrick Suskind

 

O Perfume Patrick Suskind

 

Antes mesmo de abrir o livro, já me intrigava com seu título. 

Qual o rosto escondido por trás da máscara ? Por que "Perfume" ? Qual o significado desta alegoria ?

O primeiro passo foi situar o livro dentro do contexto histórico. Toda a trama corre entre os anos de 1738 e 1767, respectivamente anos de nascimento e morte do herói-vilão que protagoniza a obra. 

Isso posiciona a narrativa dentro dos anos que antecedem a revolução francesa (1789). Uma época em que a França se tornara apática e massacrada pelos interesses burgueses.  

Jean-Baptiste Grenouille, um ser totalmente inodoro , vem ao mundo em meio a podridão de uma peixaria. A mãe abandona-o à morte, mas ele acaba sendo resgatado, enquanto a jovem mãe desnaturada é condenada a decapitação.

O nascimento do anti-herói em meio aos restos de peixes representa  o estado da nação francesa comprometida desde as origens com ideais espúrios. Paris era o símbolo desta sujeira, não só figurativa como também literalmente:

"Naturalmente, em Paris o fedor era maior..."

O Fato de Grenouille, não ter cheiro algum é um indicador de que ele não tem identidade, mas também não compactua com  a podre situação reinante : Ele não tem o "cheiro" que todos têm.

Jean-Baptiste se  torna, então,  um herói épico que parte em busca de sua identidade, do seu "cheiro" característico , do seu perfume. O Perfume perfeito.

O livro está repleto de mensagens alegóricas incrustadas no texto. Por exemplo, quando Grenouille trabalha no curtume totalmente submisso e indiferente ao próprio sofrimento, ele adoece. 

Uma doença que o autor chama de "esplenite", que viria a ser uma inflamação do baço. Esta doença incomum, mas não sem propósito, tem o objetivo de descrever o sentimento de Grenouille naquele momento. 

Assim como o coração é o órgão associado ao amor, o "Spleen", ou baço em inglês, é o órgão responsável pela melancolia para os românticos. 

Então, quando o autor diz que Grenouille tem uma "esplenite", ele está dizendo que ele está com uma inflamação de melancolia, um excesso.

Grenouille descobre que o aroma perfeito pode ser obtido através de jovens moças virgens. Uma clássica alegoria a pureza. 
Ele mata então a primeira jovem na tentativa de roubar-lhe o perfume vital.

"Esse aroma era a chave para ordenar todos os outros, que não entenderia nada de aromas se não entendesse esse."

Mais adiante o herói demonstra sua indignação diante dos modismos:

"Porque se precisava de um novo perfume a cada estação?"

Finalmente Grenouille revela seu grande desejo:

"Ser um grande alambique que inundasse o mundo inteiro com os destilados por ele mesmo criados..."

Esta passagem demonstra que o grande sonho de nosso herói é ser um líder ,um catalisador , uma guia para uma França desorientada e fétida.

Jean-Baptiste toma consciência de sua insuficiência. Grenouille volta-se para dentro de si mesmo em busca de respostas. Queria "ser" ao invés de "ter" :

"Queria externar o seu interior que ele considerava mais maravilhoso de que tudo que o mundo externo tinha para lhe oferecer..."

Ele se isola , então, em uma caverna a fim de encontrar a si mesmo. A caverna é uma alegoria ao próprio eu:

"Abriram-se os escuros portões do seu interior e ele entrava".

Na caverna Grenouille organiza seus pensamentos , seus odores e de lá ele sai pronto para fabricar o aroma perfeito.

Ele vai parar em Montpellier e encontra um cientista  o marquês de la Taillade-Espinasse  que acredita que a terra possui fluidos mortais e o ar fluidos vitais, ou seja, quanto mais próximo da terra mais mortal, quanto mais alto mais vital. 

Grenouille inventa que foi preso por seqüestradores durante sete anos num poço. O que leva o cientista a afirmar que o estado deplorável de Grenouille é a prova de sua teoria. Com esta passagem o autor afirma que até a ciência pode-se deixar iludir ou enganar.

Jean-Baptiste recomeça suas andanças e chega a cidade de Grasse, considerada a metrópole na produção de substâncias aromáticas. 

Lá Grenouille vai trabalhar numa perfumaria e começa a matar jovens para retirar-lhes o fluído aromático vital.

O herói tem um momento de fraqueza e sente a tentação de fugir , de abandonar a empreitada a que se destinou :

"...embora fosse velha a tentação de ir embora e se esconder numa caverna."

Ao final , Grenouille mata 24 moças e mais uma especial , filha de um homem rico que ocupava o cargo de vice-cônsul, ela é a que tinha o melhor perfume. Com elas ele fabrica vidros de um perfume capaz de inebriar as pessoas.

A trama é desfeita , ele é descoberto, preso e condenado , mas no dia da execução ele faz uso do perfume e toda a população reunida acaba vendo-o como um Deus e uma orgia sem controle toma conta de toda a cidade. 

As acusações sobre ele são retiradas e ele vai embora. Grenouille conseguiu o que queria tornar-se uma espécie de Deus graças ao efeitos do perfume que finalmente conseguiu criar. 

Mas porque ele não está satisfeito? Porque sempre que algo novo surge, um novo ideal , um novo objetivo, logo tudo é distorcido em favor de uns e de outros e por fim as coisas são abafadas e tudo fica por isso mesmo. 

A luta pessoal de Grenouille parece, mas só parece, ter sido em vão.

Num única passagem é possível resumir quem é Jean-Baptiste Grenouille :

"Ele realizara o feito de Prometeu"

Ele trouxe a chama divina ao homem e mais, ele a colocou no seu interior. Grenouille foi maior que Prometeu.

O protagonista vai até Paris e se entrega a um final dramático e fortemente alegórico. Grenouille se encharca do perfume que usou para escapar à execução e é devorado , literalmente, por um bando de mendigos, assaltantes, prostitutas, desertores e jovens desesperados. Ele é despedaçado, consumido por eles, e dele nada resta.  Qual o significado desta morte horrível ?

Pode-se ter a falsa impressão de que o autor queira afirmar que os idealistas são consumidos pelas massas ou pela podridão que o sistema produz. Mas as últimas linhas do texto nos faz pensar em algo diferente.

"...seus corações estavam bem leves(...) . Pela primeira vez , haviam feito algo por amor"

Aqueles malditos que os despedaçaram, na verdade não o mataram simplesmente, mas sim se alimentaram dele. 

Nutriram suas almas com o perfume de Grenouille, se encheram com seus ideais que eclodiram mais tarde na revolução francesa.